A extenção de mim, sacrificada nos contos, ainda vive.

Todos os olhares estão destinados a minha derrota.
Todas as expectativas são para o meu fracasso.

Eu cresci numa sociedade preconceituosa, ignorante, arrogante e por que não dizer burra; onde muitos ainda julgam meu caráter pelo tom da minha pele.
Esse tom, Negro, escuro, preto como alguns costumam pronunciar como deboche, não exibe apenas um certo teor de melanina, exibe também minha força, minha história, exibe, e com orgulho a minha raiz, minha descendência.

Se tu, Homem de pele clara, achas que podes me aprisionar, com palavras futeis e sem conhecimento algum, saiba que eu nasci livre. Meus ancestrais foram guerreiros, foram caçados, tratados como animais, vendidos, humilhados, torturados e assassinados, e mesmo assim resistiram, sofreram, lutaram, sobreviveram e venceram. Em minhas veias senhores, não corre um sangue qualquer, corre também o sangue de todos os Negros que morreram, pra que hoje todos nós, Negros fôssemos livres, o sangue que contem força, o sangue que contem historia, o sangue que ao passar dos anos, colecionou vitórias.

Então senhores, se estão esperando minha desistência, minha derrota, meu fracasso; deixo-lhes minhas sinceras desculpas, lamento ter que desaponta-los pois não será aceitável. Se não fui objetivo ao ponto de deixar clara minha opinião quanto aos vossos atos, digo-lhes alto e tão claro quanto vossa pele:
-Não serão algumas chibatadas da vida que fará esse Negro pedir por piedade, dê-me tudo que tens, ataque-me se for preciso, pois eu terei a Honra de ser mais um dos muitos que vos venceu, de mão nuas, alma limpa e orgulho intacto.


Desabafado por Diego Reiko